OTAN escolhe locais para a instalação de mísseis Patriot na Turquia.

Uma delegação de peritos da OTAN começou esta quarta-feira a inspecionar os possíveis locais para instalar mísseis Patriot no território da Turquia. Os mísseis podem ser estacionados na base militar na província de Malatya, no leste do país, na província de Diyarbakir ou Sanliurfa, no sudeste do país.

Em 20 de novembro, em Bruxelas, foi realizada uma reunião conjunta de ministros do Exterior e da Defesa da União Europeia para discutir a questão de fornecimentos de mísseis Patriot à Turquia. A Alemanha manifestou-se disposta a conceder duas baterias, enquanto a Holanda – uma bateria.

No dia seguinte, a OTAN recebeu o pedido oficial turco de estacionar mísseis Patriot no território do país para se defender de possíveis ataques provenientes da Síria.[1]

Otan está sendo “patriótica” demais.

Os planos de posicionamento de mísseis Patriot na zona da fronteira turco-síria têm um caráter defensivo, declarou o secretário geral da OTAN Anders Fogh Rasmussen em conversa telefônica com Serguei Lavrov, ministro das relações exteriores russo.

Moscou tinha expresso anteriormente a sua preocupação pela militarização da região. Este tipo de iniciativas podem provocar o agravamento do conflito militar, sublinhou Serguei Lavrov. Entretanto, os peritos consideram que a colocação dos sistemas Patriot é um prelúdio à declaração do território da Síria como zona de exclusão aérea.

A conversa telefônica se realizou por iniciativa do chefe da aliança atlântica. Segundo o MRE, Rasmussen queria esclarecer a situação criada pela instalação de no território da Turquia de sistemas mísseis antiaéreos (SAM) Patriot. Ancara tinha efetuado a respetiva solicitação à direção da OTAN na quarta-feira. Contudo, já durante um mês que a mídia divulgou, por diversas vezes, fugas de informação em como a Turquia se estava preparando para apelar a Bruxelas. É possível que, com isso, Ancara estivesse a tentar pressionar indiretamente os seus parceiros da aliança, é que a OTAN se recusou até ao último momento a ser envolvida no conflito, sublinha o politólogo Stanislav Tarasov:

“Eles começaram por se dirigir à OTAN com o pedido de se envolverem no conflito ao abrigo do artigo 5º do tratado da aliança, proteção dos territórios. Ou seja, eles quiseram envolver diretamente a OTAN e conseguir a sua presença militar. A OTAN recusou e eles transferiram a discussão para o artigo 4º, a mera prestação de auxílio. A OTAN teve de reagir de alguma forma, efetuar qualquer tipo de ato.”

A OTAN já declarou que iria analisar o pedido da Turquia imediatamente, e o MRE alemão – que esse pedido devia ser imediatamente satisfeito. A mídia até divulgou a informação de que Berlim estaria disposto não só a fornecer os SAM, mas também a enviar para a região 120 soldados do Bundeswehr. A própria Turquia já teve tempo para concentrar tropas na fronteira com a Síria, assim como para aprovar uma lei que permite deslocar essas tropas para o território de um país vizinho em caso de existir uma ameaça militar. Recordemos que o pretexto para esta militarização em grande escala foi uma série de ataques de mísseis a partir de território sírio que, aliás, Damasco já qualificou como uma casualidade.

A inadmissibilidade da escalada do conflito foi referida na sexta-feira pelo ministro das relações exteriores russo Serguei Lavrov. Moscou entende a preocupação da Turquia e os argumentos da aliança, mas nos assuntos militares o que conta não são as intenções mas sim o poder bélico, referiu o ministro. Por isso a militarização da fronteira turco-síria pode provocar um desenvolvimento descontrolado dos acontecimentos, declarou o ministro em resposta à pergunta da Voz da Rússia:

“Nós podemos escorregar por um plano inclinado, criando armadilhas a nós próprios e às nossas promessas de lutar por uma regulação política. Qualquer acumulação de armamento cria riscos e, talvez, tentações nos que gostariam de empregar mais a sério o fator de força externa e aproveitá-lo. Nós esperamos que isso não aconteça. E que todos os atores principais abordem com o máximo de responsabilidade o que se passa na região.”

Traduzido da linguagem diplomática isso significa, na sua essência, que na Síria se poderá vir a repetir o cenário líbio, consideram os peritos. Nas atuais condições, isso pode se tornar no fator decisivo. É que, neste momento, a oposição está a perder apoio dentro do país e a vantagem militar está do lado de Assad, refere o orientalista Adjar Kurtov:

“A fronteira sírio-turca tem uma morfologia montanhosa complexa. A prática demonstrou que um meio eficáz de luta contra os rebeldes em condições de montanha é a aviação de combate. Se a Turquia instala no seu território sistemas Patriot, ela fica com a possibilidade de bloquear a utilização pela Síria da sua aviação nas regiões fronteiriças. Nas regiões fronteiriças precisamente da Síria e não da Turquia, o que pode alterar todo o desenrolar das operações militares. Quando se estava a derrubar Kadhafi, sobre o território do país foi criada a chamada zona de exclusão aérea. Algo de semelhante pode acontecer na zona da fronteira turco-síria.”

Os receios de Moscou podem estar associados também a outro aspeto, desligado da crise síria, considera o politólogo turco Baris Adibelli:

“Claro que o fato de junto às suas fronteiras meridionais ter aparecido um dos elementos da DAM da OTAN não podia deixar de provocar as preocupações de Moscou. E, relativamente a essa questão, a posição da Rússia não tem mudado há várias décadas. A instalação dos Patriot na Turquia dá origem aos receios de Moscou de que eles podem vir a ser usados como um dos elementos de deteção precoce ou seja, de fato, como um dos elementos do sistema EuroDAM que os norte-americanos estão a promover.”

O governo de Ancara reagiu às declarações de Moscou. O primeiro-ministro da Turquia Tayyip Erdogan qualificou de errada a reação à possivel instalação dos Patriot. Nas suas palavras, a Rússia está tentando apresentar uma questão interna da Turquia “como se fosse um problema seu”. Essa declaração, no entanto, não altera a essência desses receios.[2]

Mísseis serão usados somente para defesa.

O secretário-geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen, assegurou ao ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, que os planos da aliança de instalar mísseis Patriot na Turquia, perto da fronteira com a Síria, têm um caráter puramente defensivo.

Segundo informou a porta-voz da OTAN, Oana Lungesku, Rasmussen fez esta declaração na sexta-feira, durante uma conversa telefônica realizada por sua iniciativa.

No comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, devulgado após as negociações, sublinha-se que Lavrov expressou a sua preocupação com as intenções da OTAN de colocar sistemas de defesa aérea Patriot na fronteira turco-síria.[3]

fonte: [1] http://portuguese.ruvr.ru/2012_11_28/otan-escolhe-locais-para-misseis-patriot-na-turquia/

[2] http://portuguese.ruvr.ru/2012_11_24/patriot-turquia-preocupacoes-da-russia/

[3] http://portuguese.ruvr.ru/2012_11_23/95687472/