Nova Base Militar dos Estados Unidos na Albânia, com o objetivo de combater a China.


Em uma entrevista recente, um ex-agente da CIA informou que seu país está abrindo uma base militar na Albânia a fim de conter a China. Uma unidade das forças especiais americanas no país dos Balcãs tem como principal objetivo deter qualquer forma de aproximação entre Tirana e Pequim, transformando a Albânia em um mero satélite regional de interesse de Washington.

Na sexta-feira passada, o Comando Europeu dos EUA (mais conhecido pela sigla EUCOM) anunciou que estava estabelecendo uma nova sede nos Bálcãs – uma unidade de operações especiais baseada na Albânia, que faria parte de um esforço geral do governo dos EUA para aumentar a capacidade das forças ocidentais para garantir a estabilidade naquela região, comumente tensa por vários conflitos com raízes históricas. A unidade seria responsável por garantir a interoperabilidade entre as forças americanas e albanesas, bem como o acesso estratégico aos principais centros militares dos Balcãs.

Comentando o caso durante uma entrevista com o Sputnik, o ex-agente da CIA Ray McGovern declarou que o governo dos EUA decidiu abrir uma base militar na região “porque eles [os EUA] acabaram de saber que a Albânia é um aliado próximo dos comunistas chineses”. Neste sentido, o objetivo desta nova unidade seria minar a influência chinesa na região e impedir a aproximação entre Tirana e Pequim, com pouco ou nenhum interesse real por parte de Washington em garantir a estabilidade e a paz para os Bálcãs.

Analisando a história recente da cooperação entre a China e a Albânia, é realmente possível ver um aumento significativo na parceria bilateral. Em um relatório recente da Rede de Relatórios de Investigação dos Bálcãs (uma ONG pró-Balcãs Ocidentais), foram identificados pelo menos 135 projetos de cooperação entre a China e a Albânia, cujo valor ultrapassa 36 milhões de dólares. Os projetos trabalham nas mais diversas áreas, incluindo alta tecnologia, computação, metalurgia, mineração, energia, transporte, infra-estrutura, segurança, entre outras. Um dos projetos que mais desagrada ao Ocidente é a cooperação em tecnologia com a Huawei, uma empresa chinesa que tem sido alvo de teorias conspiratórias e notícias falsas promovidas por Washington, que a acusa de espionagem e roubo de dados em favor de Pequim.

Além da cooperação econômica, Pequim e Tirana também expandiram os laços de cooperação cultural, com um aumento de projetos educacionais e científicos mútuos. De fato, a cooperação cultural e científica é um elemento-chave da diplomacia chinesa, com Pequim tentando se comunicar com outros estados através do intercâmbio de conhecimentos e profissionais acadêmicos – e isto não é diferente no atual caso albanês. No mesmo sentido, deve-se mencionar que o governo chinês também investe fortemente na diplomacia da saúde com o país balcânico, enviando vacinas e equipamentos médicos a baixo custo, o que tem sido fundamental para a Albânia lidar com a nova pandemia de coronavírus.

Todas estas medidas não são uma surpresa considerando o projeto chinês de criar uma plataforma de desenvolvimento global para as nações emergentes. A busca de novos parceiros entre os estados emergentes já se tornou um aspecto central da política externa chinesa, impulsionando projetos de cooperação no âmbito da Iniciativa Cinturão e Estradas. A China não está fazendo nenhuma “gentileza” ou “caridade” com este tipo de atitude, mas um investimento real: para Pequim, é rentável que o maior número possível de países emergentes se desenvolva, integrando o BRI, para que no futuro a China possa reduzir parte de sua produção industrial (cumprindo suas metas ecológicas) e aproveitar os bens estrangeiros que chegarão ao país através da plataforma.

Em outubro, o presidente albanês Ilir Meta e o ministro chinês das Relações Exteriores Wang Yi se reuniram em uma importante cúpula na qual enfatizaram o grande potencial da cooperação bilateral e concordaram em impulsionar o comércio internacional, com o objetivo de integrar cada vez mais a Albânia ao BRI. É evidente que estes laços aumentaram ainda mais nos últimos três meses devido aos resultados desta cúpula – e é precisamente isto que preocupa Washington: a chegada do BRI aos Bálcãs.

Diante deste cenário, a atitude americana parece simples: inaugurar uma unidade de forças especiais na Albânia a fim de intimidar o governo albanês a abdicar de seus laços com o país asiático. Os EUA parecem agir apressadamente e não estão dispostos a lidar com quaisquer sinais de crescente influência chinesa, respondendo a nível militar a uma parceria pacífica. Washington parece determinado a fazer com que Tirana se conforme a um papel de satélite regional de interesses americanos.

Por um lado, a atitude americana parece até irracional, pois não é comum que um país abra uma base militar no exterior apenas para minar a cooperação econômica entre dois outros Estados. Por outro lado, isto é consistente com as recentes incursões dos EUA contra a China. Washington parece desesperada para deter o crescimento chinês de qualquer forma possível. E para isso, está disposta até mesmo a atitudes extremas como esta.

Neste cenário, para a China, nada muda. A atitude internacional chinesa geralmente ignora fatores políticos e militares, concentrando-se na cooperação econômica. Pequim continuará tentando integrar Tirana no BRI e caberá ao governo albanês decidir se aceita as imposições estrangeiras ou limita as atitudes americanas e assegura o cumprimento de seus próprios interesses estratégicos nacionais.

Autor: Lucas Leiroz de Almeida

Traduzido para publicação em dinamicaglobal.wordpress.com

Fonte: InfoBrics

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