Parte 1
A empresa apoiada pela CIA “armando a verdade” com Inteligência Artificial (IA)
No início de outubro, a Força Aérea dos EUA e o comando de operações especiais dos EUA anunciaram que tinham concedido um contrato multimilionário para a empresa Primer de “inteligência de máquina”, sediada nos EUA. De acordo com o comunicado de imprensa, “Primer irá desenvolver a primeira plataforma de aprendizagem automática para identificar e avaliar automaticamente a suspeita de desinformação [ênfase adicionada]. A Primer também irá melhorar a sua plataforma de processamento de linguagem natural para analisar automaticamente eventos táticos para fornecer aos comandantes uma visão sem precedentes à medida que os eventos se desenrolam em tempo quase real.” [24]
De acordo com a Primer, a empresa “constrói máquinas de software que lêem e escrevem em inglês, russo e chinês para desenterrar automaticamente tendências e padrões em grandes volumes de dados”, e seu trabalho “suporta a missão mais ampla da comunidade de inteligência e do Departamento da Defesa (DOD), automatizando as tarefas de leitura e pesquisa para melhorar a velocidade e qualidade da tomada de decisões.” [25]
Em outras palavras, Primer está desenvolvendo um algoritmo que permitiria ao estado de segurança nacional terceirizar muitas posições de analistas militares e de inteligência para a IA. De fato, a empresa abertamente admite isso, afirmando que seu esforço atual “vai automatizar o trabalho tipicamente feito por dezenas de analistas em um centro de operações de segurança para ingerir todos os dados relevantes para um evento à medida em que ele acontece e canalizá-lo para uma interface de usuário unificada.” [26]
O objetivo final de Primer é usar sua IA para automatizar completamente a formação de percepções públicas e se tornar o árbitro da “verdade”, como definido pelo Estado. O fundador da Primer, Sean Gourley, que anteriormente criou programas de IA para os militares para rastrear “insurgência” no Iraque pós-Invasão [27], afirmou em um post de abril que “as campanhas de guerra computacional e desinformação se tornarão, em 2020, uma ameaça mais grave do que a guerra física, e teremos que repensar as armas que implantamos para combatê-las.” [28]
No mesmo post, Gourley defendeu a criação de um “Projeto Manhattan para a verdade”, isso criaria um banco de dados ao estilo da Wikipédia, construído a partir de “bases de conhecimento [que] já existem dentro das agências de inteligência de muitos países para fins de segurança nacional.” “Gourley, em seguida, escreveu que “este esforço seria, em última análise, sobre construir e melhorar a nossa inteligência coletiva e estabelecer uma base para o que é verdadeiro ou não”, como estabelecido pelas agências de inteligência. Ele conclui seu post no blog afirmando que “em 2020, vamos começar a transformar a verdade em arma.”
Notavelmente, em 9 de novembro, no mesmo dia em que a GCHQ anunciou seus planos para atacar a “propaganda anti-vacina”, o site dos EUA NextGov informou que o esforço financiado pelo Pentágono da Primer tinha voltado sua atenção especificamente para a “desinformação relacionada com a Covid-19”. De acordo com o diretor de Ciência da Primer, John Bohannon, “Primer estará integrando detecção de bot, detecção de texto sintético e recursos de análise de alegações textuais não estruturadas em nossa plataforma de inteligência artificial existente atualmente em uso com o DOD. . . . Isso criará a primeira plataforma unificada de missão pronta para combater eficazmente a desinformação relacionada com o Covid-19 em tempo quase real.” [29]
Bohannon, que trabalhou anteriormente como um grande jornalista incorporado com as forças da OTAN no Afeganistão, também disse à NextGov que o novo esforço da Primer Covid-19 “automaticamente classifica os documentos em uma de 10 categorias para permitir a detecção do impacto da COVID” em áreas como “negócios, ciência e tecnologia, emprego, economia global, e eleições.” Espera-se que o produto final seja entregue ao Pentágono no segundo trimestre do próximo ano.
Embora conhecida como empresa privada, Primer está profundamente ligada ao estado de segurança nacional que é projetado para proteger “armando a verdade”. “Primer orgulhosamente se promove como tendo mais de 15 por cento de sua equipe vindo da comunidade de inteligência dos EUA ou militares. O diretor do grupo de Segurança Nacional da empresa é Brian Raymond [30], um ex-oficial de inteligência da CIA que serviu como diretor para o Iraque no Conselho de Segurança Nacional dos EUA depois de deixar a agência. [31]
Whitney Webb e Derrick Broze relataram em detalhes sobre sua investigação da “operação Warp Speed” em vários artigos na plataforma jornalística de mídia “The Last American Vagabond”
A empresa também adicionou recentemente vários oficiais proeminentes da segurança nacional ao seu conselho de administração, incluindo: General Raymond Thomas (ret.), que liderou o comando de todas as forças de operações especiais dos EUA e da OTAN no Afeganistão e é o ex-comandante do comando de operações especiais dos EUA e do comando de Operações Especiais conjuntas (JSOC). [32]
Tenente-General Vera Linn Jamieson (ret.), ex-vice-chefe de Estado-Maior para inteligência, vigilância e reconhecimento da Força Aérea que liderou a inteligência e as forças cibernéticas da Força Aérea. Ela também desenvolveu pessoalmente “parcerias estratégicas” entre a Força Aérea e Microsoft, Amazon, Google e IBM, a fim de ‘acelerar a transformação digital da Força Aérea’.” [33]
Brett McGurk [34], um dos “principais arquitetos” da guerra do Iraque “surge”, ao lado da famigerada família Kagan [35], como diretor da NSC para o Iraque, e, em seguida, como assistente especial para o Presidente e Diretor Sênior para o Iraque e Afeganistão durante a administração Bush. Sob Obama, e durante parte da administração Trump, McGurk foi o enviado presidencial [36] para a aliança Global para Derrotar ISIS no Departamento de Estado, ajudando a gerir a “guerra suja” travada pelos EUA, o Reino Unido e outros aliados contra a Síria. [37]
Além dos recentes contratos com o conselho, Primer trouxe Sue Gordon, a ex-vice-diretora principal da Inteligência Nacional, como conselheira estratégica. Gordon anteriormente “dirigia parcerias dentro da comunidade de inteligência dos EUA e forneceu conselhos ao Conselho de Segurança Nacional em seu papel como vice-diretor da Inteligência Nacional” e tinha uma carreira de vinte e sete anos na CIA. [38]
As ligações profundas não são surpreendentes, uma vez que a Primer é financeiramente apoiada pelo braço de capital de risco da CIA In-Q-Tel [39] e pelo braço de capital de risco do bilionário Mike Bloomberg, Bloomberg Beta [40].
Operação Blitzkrieg de desinformação da Warp Speed
O rápido aumento do interesse dos estados de segurança nacional dos EUA e do Reino Unido em relação à “desinformação” Covid-19, particularmente no que diz respeito às próximas campanhas de vacinação Covid-19, está intimamente relacionado com a estratégia de engajamento da mídia da operação Warp Speed do governo dos EUA.
Oficialmente uma “parceria público-privada”, a Operação Warp Speed, que tem a meta de vacinar 300 milhões de americanos, em janeiro próximo, é dominado pelos militares dos EUA e também envolve vários órgãos de inteligência [41], incluindo a Agência de Segurança Nacional (NSA) e o Departamento de Segurança Interna (DHS), bem como de inteligência vinculado as gigantes da tecnologia Google, Oracle, e Palantir [42, 43]. Vários relatórios publicados em The Last American Vagabond por este autor e jornalista Derrick Broze revelaram o extremo secretismo da operação, seus numerosos conflitos de interesses, e seus profundos laços com iniciativas tecnocráticas Orwellianas e do Silicon Valley. [44]
A orientação oficial da Warp Speed discute longamente seu plano faseado para envolver o público e abordar questões de “hesitação da vacina”. “De acordo com o documento de Warp Speed intitulado “da fábrica para as linhas de frente”, “comunicações estratégicas e mensagens públicas são fundamentais para garantir a máxima aceitação de vacinas, exigindo uma saturação de mensagens através da mídia nacional.” Ele também afirma que “trabalhar com parceiros estabelecidos-especialmente aqueles que são fontes de confiança para o público-alvo—é fundamental para promover a compreensão pública de, acesso a, e a aceitação de eventuais vacinas” e que “identificar as mensagens certas para promover a confiança da vacina, combater a desinformação e direcionar o alcance para as populações vulneráveis e em risco será necessário para alcançar uma cobertura elevada.” [45]
O documento também observa que a Warp Speed empregará o quadro estratégico de três vertentes do CDC para seu esforço de comunicação. O terceiro pilar dessa estratégia intitula-se “Stop Myths” e tem como foco principal “estabelecer parcerias para conter a disseminação da desinformação”, bem como “trabalhar com parceiros locais e mensageiros de confiança para melhorar a confiança nas vacinas.”
Embora o documento de Warp Speed em particular seja curto em detalhes, o Livro Interino do programa de vacinação Covid-19 do CDC contém informações adicionais. Ela afirma que a operação Warp Speed “envolverá e utilizará uma ampla gama de parceiros, colaborações e canais de comunicação e notícias para alcançar objetivos de comunicação, entendendo que as preferências de canais e fontes credíveis variam entre públicos e pessoas com maior risco de doenças graves e populações críticas, e os canais variam em sua capacidade de alcançar diferentes objetivos de comunicação. “Ela afirma que focará seus esforços neste sentido em “canais de mídia tradicionais” (impressão, rádio e TV), bem como “mídia digital” (internet, mídia social e mensagens de texto). [46]
O documento CDC revela ainda que a campanha “public messaging” para “promover a captação da vacina” e abordar a “hesitação da vacina” é dividida em quatro fases e acrescenta que a estratégia de comunicação global da Warp Speed” deve ser oportuna e aplicável para a fase atual do Programa de vacinação Covid-19.”
Essas fases são:
1. Antes de uma vacina estar disponível
2. A vacina está disponível em quantidade limitada para determinadas populações de foco precoce.
3. A vacina está cada vez mais disponível para outras populações críticas e para o público em geral
4. A vacina está amplamente disponível
Dado que se espera que o candidato à vacina Covid-19 produzido pela Pfizer seja aprovado até ao final de novembro, parece que o estado de segurança nacional dos EUA, que está essencialmente a executar a operação Velocidade Warp, juntamente com os “mensageiros de confiança” na mídia de massa, está se preparando para entrar na segunda fase de sua estratégia de comunicação, aquela em que as organizações de notícias e jornalistas que levantam preocupações legítimas sobre a Velocidade Warp serão desclassificados para abrir caminho para a saturação “necessária” das mensagens pró-vacina através da paisagem da mídia de língua inglesa.
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Referências: [24] <https://www.prnewswire.com/news-releases/socom-and-us-air-force-enlist-primer-to-combat-disinformation-301143716.html> Autor: Whitney Webb Traduzido para publicação em dinamicaglobal.wordpress.com Fonte: free21.org Quer compartilhar com um amigo? Copie e cole link da página no whattsapp https://wp.me/p26CfT-bL9 |
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